terça-feira, 10 de julho de 2012

Entrevista Amantes de Teledramaturgia: Henrique Zambelli


Henrique Zambelli  é diretor, roteirista, tradutor e ator. Atuou no SBT como adaptador de textos das novelas: Pérola Negra, Pícara Sonhadora, Amor e ódio, Marisol, Jamais te Esquecerei, Canavial de Paixões, Esmeralda e Cristal. Além de traduzir os textos originais das novelas Maria Esperança e Amigas e Rivais. Também foi roteirista de episódios do programa Teleteatro  e adaptou a série de episódios do sitcom Nina e Nuno do Programa Charme com Adriane Galisteu. Em 2007, a convite de Silvio Santos, foi Diretor Geral e Roteirista Final do programa humorístico Sem Controle. É autor da comédia teatral "A Segunda Dama"  e atualmente, é apresentador do  "Programa Henrique Zambelli", todas as quartas-feiras às 21h, na TV Orkut


                           Adaptações de novelas

Fábio Santos: - Você sempre gostou de escrever? E quando escolheu esse caminho sua família sempre apoiou?
Henrique Zambelli: - Eu sempre tive facilidade para escrever, mas o fato de ter me especializado nessa área foi mera obra do acaso. Aliás, quase tudo que aconteceu na minha vida não foi planejado, aconteceu naturalmente. Minha família sempre me apoiou em todos meus trabalhos.  


Fábio Santos: - Qual foi a sua primeira experiência com a televisão?
Henrique zambelli: -  Antes de me formar em Rádio e TV, tinha feito alguns trabalhos como modelo em comerciais e costumava assistir ao vivo a gravações de programas de TV. Achava aquele mundo fascinante e queria fazer parte daquilo de alguma maneira
 
(Henrique como modelo de uma loja de confecção masculina) 

Fábio Santos: - Você fez faculdade de Rádio e TV. Fale um pouco sobre sua vida profissional antes dos trabalhos para televisão.
Henrique Zambelli: - Antes de trabalhar na TV, só estudava e fazia alguns trabalhos como modelo e outros "bicos". 


Fábio Santos: - Convidaram você para traduzir e adaptar a novela argentina "Pérola Negra",  seu primeiro trabalho na TV. Como surgiu esse convite? Você teve muitos incentivos nesse primeiro trabalho?
Henrique Zambelli: -  Antes da novela, eu tinha feito um estágio no SBT com o diretor Crayton Sarzy. Quando surgiu a oportunidade da novela, o Crayton me convidou para trabalhar nela. Acredito que, para uma pessoa sem experiência na área, esse trabalho em si já foi um enorme incentivo.


Fábio Santos: - Antes de trabalhar como adaptador dos textos mexicanos, você acompanhava as novelas mexicanas exibidas pelo "SBT", teve alguma que você gostou e gostaria de ter feito adaptação  não fez?
Henrique Zambelli: - Sim, gostaria muito de ter adaptado "Cuna de Lobos", que aqui no Brasil foi exibida com o título de "Ambição".
( Henrique Zambelli com Barbara Paz e Glauce Graieb, bastidores de "Marisol").

Fábio Santos: - O que torna uma novela de texto mexicano interessante para o publico brasileiro?
Henrique Zambelli: - O próprio fato da história ser mexicana e fugir da realidade brasileira já a torna diferente e atraente para uma parcela do público que talvez esteja cansada do estilo das histórias brasileiras. 



Fábio Santos: - Muitos têm preconceito com relação a esse tipo de historia e produção. Você como adaptador sentia isso?Teve algum caso de um ator se negar a participar das novelas?
Henrique Zambelli: - Não só sentia como sinto até hoje. Porém noto que curiosamente a maioria desses "críticos" conhecem todos os detalhes sobre o que acontecem nos capítulos, os personagens. Ou seja, muitos gostam, mas tem vergonha de assumir essa preferência. Muitos atores se negam até hoje. E alguns até fizeram as novelas com certo pé atrás...

 
Fábio Santos: - As adaptações foram bem sucedidas no ibope , ainda hoje sendo reprisadas garantem boa audiência para o "SBT". Você não pensa em voltar realizar esse tipo de trabalho?
Henrique Zambelli: - No momento, não planejo, mas não descarto a possibilidade, pois era algo que fazia com satisfação e alguns fãs na internet sempre me dizem que gostavam do meu trabalho.

Fábio Santos: - Quando a novela original era exibida no Brasil era diferente adaptar essas que já eram conhecidas das que eram inéditas para os brasileiros?
Henrique Zambelli: Não, o processo era exatamente o mesmo para ambos os casos.
 


Fábio Santos: - Você trabalhou com Nilton Travesso no seriado argentino "Nina e Nuno", como foi esse trabalho e como foi trabalhar com o Nilton Travesso?
Henrique Zambelli: - Foi minha primeira experiência com textos de humor na TV e trabalhar com o Nilton foi uma grata experiência, já que ele é ótimo diretor e uma pessoa muito educada e gentil.


Fábio Santos: - O sonho de todo autor é criar suas próprias histórias. Você já apresentou algum projeto de uma novela original para o "SBT"?
Henrique Zambelli: - Não, nunca.


Fábio Santos: - O que você aconselha para quem sonha escrever para televisão?
Henrique Zmbelli: - Primeiramente e o mais importante: aprender a escrever. Tem gente que sonha em escrever uma novela, uma peça, mas é incapaz de escrever uma simples postagem no facebook, no twitter sem erros de gramática, de acentuação, de pontuação. Por mais criativa que seja sua ideia, se o autor não souber um básico de redação e de língua portuguesa, a mensagem dele não será valorizada por outros profissionais que, por ventura, avaliem sua obra.


Fábio Santos: - Como você define o seu estilo de escrever? Você escreve melhor drama, comédia ou tem facilidade de se adequar a qualquer gênero?
Henrique Zambelli: - Para mim, escrever é essencialmente um trabalho profissional, não somente um prazer. Eu escrevo de acordo com a necessidade do contratante. Sinto que tenho mais habilidade para comédia, mas posso escrever outros gêneros.

 
Fábio Santos: - O que você acha dos humorísticos atuais?
Henrique Zambelli: - Muitos programas atuais seguem a fórmula de provocar o riso através da ridicularização das pessoas, de ataques pessoais, quase de uma violência invasiva. Assim um programa fatalmente acaba se tornando cópia (às vezes mal feita) de outro. Não há um trabalho de criação de texto que permita que grandes comediantes e humoristas possam desenvolver um bom trabalho. Eu destaco o "Tapas e Beijos" e o "Zorra Total" (por mais criticado que seja) como exceções atuais que prezam o fator texto na televisão.

  
                        Programa Henrique Zambelli

Fábio Santos: - Você é diretor, roteirista, tradutor ator e agora apresentador.Qual dessas funções você sente que desempenha melhor, e qual você mais gosta de fazer?
Henrique Zambelli: - Procuro fazer bem todas as atividades a que me proponho. Se não me sentisse seguro para desempenhá-las, não as faria. No momento, o trabalho que mais gosto de fazer é o atual, de apresentador. Se estou me saindo bem, aí o público é quem deve avaliar...
 
(imagens do programa Henrique Zambelli)
Fábio Santos: - Atualmente você apresenta o "Programa Henrique Zambelli", um show de variedades, no site da webtv TV Orkut, fale um pouco sobre o programa. Como surgiu essa ideia?
Henrique Zambelli:  - É um programa semanal com entrevistas, musicais, dicas de especialistas e apresentação artísticas. Como não tenho voz, nem postura de apresentador convencional, procuro fazer um programa despretensioso, com bom humor, espontaneidade e respeito pelos convidados. Na verdade, o programa Henrique Zambelli  não foi uma ideia. Fui entrevistado pela apresentadora Mell Glitter da TV Orkut, e  o diretor da emissora, Petrúcio Melo, me viu no vídeo, achou que tinha carisma e me convidou para apresentar um programa. Não foi nada planejado. Em menos de uma semana, criei o formato que felizmente funcionou e que, aos poucos, já está ganhando cara nova.


Fábio Santos: - Sempre teve vontade de ter um programa como esse?
Henrique Zambelli: - Nunca me imaginei apresentador. Com disse anteriormente, muitas coisas na minha vida aconteceram na sorte, sem planejamento. O convite para ser apresentador aconteceu e aproveitei a oportunidade e, como o programa leva meu nome, procuro levar convidados e assuntos que tenham a ver comigo de alguma maneira.

Fábio Santos: - Antes do programa você teve alguma experiência parecida?
Henrique Zambelli: - Só nos tempos da faculdade, quando apresentei vídeos para trabalhos acadêmicos e também quando fazia twitcam em casa e ficava horas conversando e respondendo perguntas do povo do twitter.

                                        
                                 TEATRO 



Fábio Santos: - Quando e como começou sua trajetória no teatro?
Henrique Zambelli: - Eu fiz alguns trabalhos na adolescência na época da faculdade e sempre gostei muito. Mas só fui trabalhar profissionalmente nessa área quando recebi um covite da Glauce Graieb para escrever uma peça para ela e sua irmã Nívea Maria atuarem. Eu escrevi a comédia "A Segunda Dama", mas, por uma série de questões, elas não puderam participar do projeto. Posteriormente acabei me tornando produtor, diretor e depois ator desse mesmo espetáculo.

Fábio Santos: - Quais as principais diferenças entre trabalhar na TV e no teatro?
Henrique Zambelli: - A diferença é que na televisão existe um fator chamado salário (ou cachê) mais alto que faz algumas pessoas encararem as coisas com um pouco mais de seriedade e comprometimento. No teatro só trabalham realmente os profissionais que tem amor à essa linda arte, porque a remuneração nem sempre é vantajosa.
 
Fábio Santos: - Você acha que o teatro continua sendo pouco valorizado em nosso país?Você acha que tem a ver com os preços dos ingressos ou o povo tem preguiça de sair até o teatro e prefere ver TV?
Henrique Zambelli: - Sim, ainda é muito pouco valorizado, não só pelos órgãos oficiais, quanto para o público. Não vejo a questão do preço do ingresso como inibidor da frequência do público, já que existem espetáculos gratuitos ou a preços de banana  com plateia vazias. Hoje as pessoas preferem assistir a espetáculos de comédia stand up que são apresentados em salas de teatro, mas que não são exatamente teatro. 
 
Fábio Santos: - Há algum trabalho na TV ou no teatro que você sonha realizar?
Henrique Zambelli: - Sim, tenho alguns projetos em andamento, mas, por enquanto, prefiro mantê-los em sigilo. Assim que eles se realizarem, prometo noticiá-los para os leitores deste blog. 
 
(Espetáculo "Como deletar meu casamento")


Fábio Santos: - Você participou como ator do espetáculo "Como deletar meu casamento". Fale um pouco sobre o espetáculo
Henrique Zambelli: - Foi uma experiência rica porque pude exercitar meu lado comediante. Ver a plateia rindo com as minhas cenas foi um grande prazer e uma grande emoção.  

Jogo rápido 
 Um autor ou autora de novelas: Ivani Ribeiro
 Uma novela inesquecível: Tieta
 Um ator: Luiz  Carlos de Morais
 Uma atriz: Wanda Stefãnia
 Um humorista: Dercy Gonçalves
 Um livro: Anarquistas graças a Deus ( Zélia Gattai )
 Um ídolo: Edson Bolinha Cury
 Um cantor ou cantora: Ângela Maria
 Uma música especial: Sea (Jorge Drexler)
 A coisa mais importante da sua vida: A capacidade de superar obstáculos. 



 Obrigado pela entrevista e boa sorte em seus próximos trabalhos, Henrique!

 Eu que agradeço, Fábio. Um grande abraço e parabéns pela entrevista. Para um iniciante, você se saiu muito bem!

8 comentários:

  1. Querido Fábio, adoorei suas perguntas, muito criativas, e achei interessante que ele fez Radio e TV, algo que eu também pretendo fazer, apesar de querer ser atriz, ele também participou com ator e isso é um grande incentivo para mim também =D

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  2. Pelo visto Cuna de Lobos ou Ambição deve ser muito boa já que muita gente elogia essa novela também, e também ele falou que sempre teve o apoio da familia, e isso é muito bom e importante, nem sei se minha familia apoiaria minha escolha de ser atriz, até eu tenho certo preconceito em fazer cenicas 0_o

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  3. Parabéns pela entrevista e sucesso! Trouxe pra mim conhecimentos do que eu mais amo nessa vida. @ramonquasetv

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  4. Ótima entrevista! Sou muito fã do trabalho do Henrique! Pena que ele me bloqueou no twitter,nem sei o motivo,mas enfim. rs Continuo admirando e respeitando o trabalho dele.
    Queria saber qual novela ele mais gostou de adptar. Pra mim,as melhores foram Esmeralda e Canavial de Paixões.
    Parabéns Fabião!!

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    1. "Perola Negra" foi a que ele mais gostou de adaptar.Obrigado!!

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  5. E sorry pelo erro de digitação. Apertei o "A" e nem foi.

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  6. Extremamente completa a entrevista, em que foi plenamente possível ver as diversas nuances da carreira do entrevistado. Senti uma resistência no momento em que ele diz categoricamente que nunca apresentou uma novela original ao sbt.
    Jônatan.

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  7. Muito boa a entrevista adoorei.. Parabéns!! Estou aguardando novidades do blog.. Adoro esse blog, muito bom!!!

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